A Escola Popular de Planejamento da Cidade, é um espaço para partilhar saberes sobre a cidade. Entendemos que a sua criação é a primeira ação deste projeto, que tem como intenção fomentar o debate na região sobre os impactos dos grandes projetos urbanos previstos. Porém, não um debate fechado na universidade e sim aberto para a cidade.
Assim o potencial desta proposta de estudo da paisagem está na possibilidade de fusão de saberes. Por um lado, para a universidade este tipo de pesquisa-ação permite o acesso a conhecimentos populares essenciais para entender as reais dinâmicas da paisagem e nelas reconhecer ou não processos mais estruturais, bem como, traz à tona entendimentos novos sobre a prática do ensino sobre estas paisagens, nos provocando enquanto pesquisadores a problematizar as ações da própria universidade.
E, para a população, significa que passa não só a ter acesso ao conhecimento que é produzido sobre ela e seu meio, como também a produzir junto com pesquisadores este conhecimento, fortalecendo-a perante processos bruscos de transformações da paisagem, sobretudo através de grandes intervenções públicas/privadas.
Histórico EPPC
A Escola Popular de Planejamento da Cidade é um projeto da Universidade Federal da Integração Latino-Americana e pressupõe a articulação de atividades de ensino – pesquisa e extensão. Tem como base a construção de conhecimento colaborativo que envolve pesquisadores, moradores, técnicos e lideranças locais. Ao longo de diversos encontros itinerantes realizados na universidade, em organizações de direitos e nas comunidades, os participantes aprofundam temáticas específicas referentes à moradia digna, bem como desenvolvem ações que reduzam as remoções forçadas.
Este projeto tem início em 2012 em São Paulo, quando um grupo de pesquisadores passam a estudar as remoções forçadas na cidade decorrente da implantação de grandes projetos urbanos na cidade. Este projeto foi denominado Observatório de Remoções, que posteriormente foi replicado na região metropolitana de São Paulo e desde 2014 vem sendo trabalhado na Fronteira Trinacional.
Além dos estudos estruturais que devem promover ações de despejo ao longo dos próximos 10 anos na região, este observatório trabalha diretamente com o apoio à parte da população vulnerável em tais processos. Esse trabalho feito na dimensão do cotidiano é intitulado Escola Popular de Planejamento da Cidade, e que na região já colaborou ativamente para a reversão do processo de reintegração de posse da Ocupação Bubas, atualmente com cerca de 5000 pessoas, também atua no estudo da ampliação de áreas de reassentamentos urbanos feitos pelo poder público em áreas de contaminação.
Todas as ações da EPPC, dão suporte a Defensoria Pública do Estado do Paraná, na produção de informações e no diálogo com as comunidades e agentes públicos envolvidos.
Objetivos
1.Construir de forma colaborativa e plural um banco de dados sobre as remoções forçadas e difundi-lo através de ferramentas de comunicação popular e social;
2.Dimensionar as remoções forçadas na região;
3.Subsidiar comunidades afetadas localizadas nessas regiões com ferramentas de conhecimento e análise da situação, fortalecendo um processo emancipatório e de defesa do direito à moradia; e,
4. Organizar dossiês de denúncia e/ou planos alternativos às remoções.
Fundamentos Trabalho de Base
Tem como base metodológica a associação da pesquisa ação e da educação popular. A pesquisa-ação é um método que possibilita os participantes condições de investigar sua própria prática de uma forma crítica e agir, e a educação popular é um método de educação que valoriza os saberes dos povos e suas realidades culturais na construção de novos saberes. A partir deste entendimento são organizadas as seguintes etapas de trabalho:
- Organização da Rede Inicial de Estruturação do Trabalho;
- Identificação das Áreas Vulneráveis;
- Organização da Rede de Ação;
- Estudos Colaborativos e EduComunicação; e,
- Proposta de Planos Alternativos às Remoções e para a Regularização Fundiária.