Metodologia

Marco Teórico/Metodológico

A produção colaborativa de conhecimento não pode ser entendida apenas como uma aproximação das áreas de estudo e ação, nas quais o pesquisador “transfere” conhecimentos; mas como um processo coletivo de construção do conhecimento. Essa troca ativa entre pesquisador e residente é baseada na educação libertária, na qual, para que a construção conjunta do conhecimento seja possível é necessário reconhecer-se como um sujeito inacabado, como propõe Freire (1970). Dessa forma, não há ensino sem aprendizagem e vice-versa; constitui um exercício dialético e de troca onde o outro é reconhecido como igual, como produtor/receptor de conhecimento, ao contrário da ciência moderna, que privilegia a regulação do saber regido pelo colonialismo, transformando o outro em objeto, em natureza morta, apenas para seu estudo manipulável. (Souza Santos, 2011)

Portanto, a superação passa não só pela produção do conhecimento colaborativo, mas também pela sua disseminação, ou seja, deve-se buscar também a inserção das pessoas no processo de comunicação (Peruzzo, 1998, p. 13). A comunicação se mostra como um importante mecanismo de pesquisa que promove o compartilhamento do conhecimento (Lopes, 2009). Portanto, pretendemos tornar comum o debate sobre a produção desigual da cidade como processo educacional, entendendo esse processo como transformador e catalisador para a ação crítica e conjunta como aponta Brandão (1999, p. 10).

Cartilhas – Download/Descarga

  • Metodologia para Identificação de Áreas Vulneráveis às Remoções Forçadas e para a Proposição de Ações Alternativas (Português) – Clique aqui -> CARTILHA_EPPC_PORTUGUES
  • Metodología para la Identificación de Áreas Vulnerables a los Desalojos Forzados y para la Proposión de Acciones Alternativas (Español) – Clic aquí -> CARTILHA_EPPC_ESPANOL

Metodologia de Análise

A EPPC concebe a produção do conhecimento como uma práxis emancipatória, resultado do tensionamento das comunidades e da Universidade, questionando suas práticas de observação e análise de realidades (Pereira, 2007). Abordamos a epistemologia proposta por Boaventura Souza Santos (2011, p. 246), na qual, o conhecimento só pode ser construído superando a colonialidade e compreendendo o outro como igual, resultando no conhecimento coletivo e na transformação de um mesmo sujeito crítico, levando a ações conjuntas para a transformação de realidades.

As áreas de estudo e ação não devem ser compreendidas e planejadas apenas com procedimentos de estudo e intervenção prontos/padronizados, concebidos a partir de uma abordagem universalista e padronizada excluindo seu caráter local. Que os tugúrios ou favelas, ocupações e assentamentos populares, não podem ser reduzidos a um estereótipo estrutural (Angileli de Morais, 2012), é necessária uma metodologia que considere o local e o contextual.

Levando em consideração o anterior, é entendido que o conhecimento do território e das comunidades é substancial no processo, é essencial reunir as características materiais, imateriais e humanas. Espacialidades, morfologias, formas de vida e comunidade são projetadas em cartografias acadêmicas e didáticas, bancos de dados, leituras, entrevistas e registros orais, historiográficos e audiovisuais, tudo produto da intensa troca por meio de oficinas, sessões, visitas (de pesquisa e social) entre a universidade e a comunidade. Tudo isso para produzir o conhecimento e reservar o saber que for necessário para que a comunidade não só possa defender seu direito à terra, ao habitar e à cidade, mas também, para seu próprio empoderamento e aração de sua determinação como comunidade. (Angileli de Morais, 2012).